13 de fev. de 2012


HOMENAGEM.
Clara, o canto como uma missão
No ano em que a sambista completaria 70 anos, sua trajetória é lembrada
Priscila Brito

Quando, no domingo (19), a Portela adentrar a Marquês de Sapucaí evocando Clara Nunes para conduzir o enredo que fala da religiosidade da Bahia, será a primeira de muitas vezes que o nome da “tal mineira” virá à tona este ano. Clara completaria 70 anos em 2012 se tivesse resistido às complicações de uma cirurgia de varizes, em abril de 1983.

Contemporânea de outros setentões, como Roberto, Caetano e Gil, Clara faz parte hoje desse grande time da música brasileira. “Quando eu ouvi a Clara cantar, vi que estava diante de uma celebridade. Ela já nasceu feita”, relembra o compositor Jadir Ambrósio, que apresentou a moça de Caetanópolis a radialistas de BH ao ouvi-la cantar em uma festa de igreja no bairro Renascença, ajudando a desencadear sua carreira.
Daí, viria o estrelato, mas não só. Primeira cantora a vender mais de cem mil cópias, rompendo com uma crença do mercado fonográfico segundo a qual mulheres não vendiam discos no Brasil, Clara deixou marcas permanentes no samba, onde se consagrou, depois de iniciar a carreira gravando boleros e o pop da Jovem Guarda. “O samba feminino se divide entre antes e depois de Clementina de Jesus, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara e Clara. Elas são o baluarte da mudança no mundo machista do samba em aceitar mulheres como participantes do processo criativo”, observa Anderson Gonçalves, editor do portal Ocê no Samba, que trata do gênero em Minas.
Assumir no figurino, no repertório e na performance as religiões afro-brasileiras foi um marco, e não apenas a criação de um ícone visual. Também teve seu viés político, em plena década de 1970, quando a linha de frente da música brasileira bradava contra os ditadores, na análise da historiadora Sílvia Brugger, da Universidade Federal de São João Del Rei. “Talvez não fosse uma militância tão explícita como a do Chico. Mas ao se afirmar como adepta dos orixás e levar isso pro palco, ela contribuiu para quebrar preconceitos em relação à questão religiosa e à identidade negra”.
Clara, por sua vez, sugeria ter os pés no chão diante do legado artístico que construía. Dona Mariquita, irmã mais velha que assumiu o papel de mãe depois da morte dos pais, conta que Clara lhe fez uma confissão no último Natal que passaram juntas, em 1982. “Ela disse que se algum dia fosse rejeitada, não tivesse gravadora, já tinha a ideia de trabalhar com crianças e abrir uma creche”, revela. O plano não era só questão de realismo, mas também uma forma de amenizar a frustração por não ter realizado o sonho de ser mãe, impedido por um mioma que provocou abortos e a retirada do útero.
Mesmo assim, Clara gerou algumas “filhas”, ao transformar-se em matriarca de uma linhagem de cantoras. “Muitas cantoras de samba, você vê que buscam a Clara no jeito de vestir e entoar a voz. Ela está no olimpo como a maior intérprete do samba”, conclui Anderson.
Três escolas lembram cantora

Portela, eu nunca vi coisa mais bela”. Os versos escritos por Paulo César Pinheiro para que Clara Nunes homenageasse sua escola do coração vão ser retribuídos pela agremiação de Madureira este ano.

Com um enredo que trata da religiosidade da Bahia, a Portela fará referência a Clara – assumidamente adepta das religiões afro-brasileiras – na letra do samba e na avenida, no domingo (19). Chamada de guerreira nos versos de “Pequena Prece ao Senhor do Bomfim”, na Sapucaí será representada pela cantora Vanessa da Mata, cujo visual remete ao da homenageada.
Outras duas escolas abordarão Clara em seus desfiles deste ano. Ainda no Rio, no grupo de acesso, a Paraíso do Tuiuti abre o sábado de Carnaval com o enredo “A Tal Mineira”. A atriz Patrícia Costa, neta de um dos fundadores da Portela, Cláudio Bernardo da Costa, representará Clara na avenida.
A cantora também vai ser lembrada em BH. A escola Canto da Alvorada traz este ano o enredo “É Cheiro de Mato, É Terra Molhada, É Clara Guerreira, Lá Vem Alvorada”. O desfile da escola está previsto para as 22h25 da segunda (20) na, avenida dos Andradas, entre os viadutos da Floresta e de Santa Tereza.
FOTO: ARQUIVO AGÊNCIA ESTADO
Uma das propostas do memorial é ter uma sala para projeções de shows
Memorial deve sair em agosto

Não é lugar-comum dizer que é um sonho antigo da família de Clara Nunes criar um museu para homenagear a artista. Desde 1987, há 25 anos, quando todo o acervo de Clara foi enviado do Rio de Janeiro para os cuidados da família, em Caeta-nópolis (a 100 km de Belo Horizonte), que os parentes buscam recursos para concretizar a ideia. Finalmente a espera dá sinais de ter acabado. Está prevista para agosto deste ano, quando se completam os 70 anos do nascimento da cantora, a inauguração do Memorial Clara Nunes, em sua cidade natal.

Junto com o Centro Cultural Clara Nunes, já em funcionamento, e com o restauro da casa onde Clara viveu na infância, o memorial deve compor uma espécie de “complexo turístico” em torno da cantora. O imóvel, uma casa de 200 metros quadrados doada por Sued Gonçalves, um dos sobrinhos de Clara, já se encontra em obras, orçadas em aproximadamente R$ 250 mil, segundo a família. Os recursos são do governo do Estado, liberados em 2010 por uma emenda da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Dona Mariquita, irmã mais velha de Clara, conta que durante todos esses anos bateu na porta de muitos, mas não conseguiu nada. “Eu acho que a consciência cultural uns 15, 20 anos atrás ainda não era forte como é hoje”, diz, tentando explicar as tentativas frustradas de levar a obra à frente.
Em 2001, um projeto de lei da assembleia legislativa determinando a construção do museu e a captação de verbas para sua viabilização foi aprovado, mas não prosperou. “O projeto praticamente caducou. Foram três anos e não conseguimos os recursos. Acho que foi por causa do custo total, de R$ 400 mil. Não houve interesse imediato das empresas”, comenta Márcio Guima, sobrinho de Clara.
O acervo que deve vir a público este ano é constituído por aproximadamente 8.000 itens. São fotografias, adereços, imagens religiosas, documentos pessoais, partituras de músicas, figurinos de shows, fantasias da Portela e troféus. Dada a grande quantidade de peças, os futuros visitantes não verão todo o material de uma só vez, antecipa a historiadora Sílvia Brugger, da Universidade Federal de São João Del Rei, responsável pela catalogação e preservação do acervo. “Como o acervo é muito rico, a ideia é que a gente possa ciclicamente ir refazendo a exposição. É interessante pra quem vai visitar porque tem sempre algo novo pra ver. Do ponto de vista da preservação, o objeto pode ser guardado, higienizado e ganha uma sobrevida”.
Festival
A prefeitura de Caetanó-polis trabalha para que a inauguração do memorial ocorra durante o Festival Clara Nunes, evento dedicado à música realizado na cidade em agosto, desde 2006. Outra promessa para o festival é a abertura para visitação da casa onde Clara nasceu. Doada ao município no fim do ano passado, ela será restaurada e mobiliada com móveis e objetos do período em que a cantora a habitou, entre os anos 1940 e 1960. Paulinho da Viola e Alcione são alguns dos nomes sondados para a edição deste ano. A Velha Guarda da Portela, sempre presente no festival, e amigos pessoais de Clara, também devem ser convidados para a inauguração.
Internet guarda raridades

Como já vem virando regra em efemérides de grandes nomes da música brasileira, os 70 anos de Clara Nunes vão ser celebrados com lançamentos em áudio e vídeo no mercado (veja abaixo). O material, parte dele pouco conhecido do público, vai dividir espaço com raridades da cantora que povoam o You Tube.

Uma busca menos apressada no site de vídeos dá acesso a preciosidades como um ensaio de Clara para o show “Sabiá, Sabiô”, de 1972, e uma apresentação no auditório do Maksoud Plaza, em meados dos anos 1970, com o conjunto Nosso Samba, que acompanhava a artista ao vivo. Há ainda imagens de Clara na última vez em que desfilou pela Portela e entrevistas concedidas a Leda Nagle, no “Jornal Hoje”, e à Marília Gabriela, no “TV Mulher”.
“Ê Baiana”
Por trás deste garimpo virtual está a carioca Sandra Rodrigues, fã de Clara desde “uma certa manhã de 1971”, quando ligou o rádio e ouviu a voz da cantora pela primeira vez, em “Ê Baiana”. O canal que ela mantém no You Tube soma cerca de 700 vídeos de Clara, com material proveniente de seu acervo pessoal ou de contribuições de outros fãs. Além do canal no site, Sandra alimenta dois blogs, uma página no Facebook, uma comunidade no Orkut e um perfil no MySpace e no Twitter com informações sobre a mineira. O trabalho na rede, feito há três anos, mira as novas gerações, mas também busca preencher a ausência de Clara nos meios de comunicação. “Após sua morte, um silencio enorme pairou na mídia. Nada mais se falava sobre o assunto, sequer a divulgação de suas músicas. Parecia que ‘enterraram’ junto com ela a sua obra. Eu e os fãs que nunca a esqueceram ficávamos tristes com isso até que apareceu a internet e a forma de colocá-la de volta à memória do brasileiro”.

e tem maissssssssssssssss

Canto da Alvorada tera irmã de Clara Nunes em seu abre alas.



O GRES. Canto da Alvorada , recebeu ontem em seu barracão a ilustre presença da Irmã de Clara Nunes D. Mariquita, a "Dindinha", que criou Clara Nunes após a morte dos pais. Também estavam presentes o Sr. Romário, Prefeito da cidade de Caetanópolis, onde Clara Nunes nasceu, a Secretária de Cultura da cidade, Adriana, entre outros convidados que também desfilarão na escola. Com presença confirmada no carro abre alas da escola a irmã de Clara, contou histórias, ouviu o samba e se emocionou ao ver as alegorias e o carro que a levará pela avenida. Fez segredo sobre a roupa que ira usar, apenas informou que sera feita na cidade onde Clara nasceu. Um abre alas de luz, com muita energia positiva é o que podemos esperar da Canto da Alvorada neste carnaval.

http://carnavalbh2.blogspot.com/2012/02/canto-da-alvorada-tera-irma-de-clara.htm

E NO COMEÇO DESTE MÊS:

Celso Pansera, Nilo Figueiredo, Ministro Lupi e Noca da Portela ao lado do busto da cantora



Estamos muito tristes por esta tragédia pré-carnaval.
Nos envolvemos nos projetos e, em conseqüência, com as pessoas.
Passamos a respeitar seus sonhos e seus ideais e desejar que se concretizem, para que a felicidade que venham sentir também nos contamine.
Deixo aqui meu apoio a toda a nação portelense e aos diretores e responsáveis por esta magia, oferecendo meu total apoio e participação no que se entender reconstruir o sonho.
Com muito carinhp.
Oseias Casanova.



Portela inaugura busto de Clara Nunes em tarde emocionante

Geissa Evaristo Carnavalesco 06/02/2011 00h49

Neste sábado, a Portela realizou mais edição da sua tradicional feijoada, porém, o dia teve um sabor especial: a inauguração do busto da cantora Clara Nunes na entrada da quadra ao lado das imagens dos também imortais portelenses: Paulo da Portela e Natal. O evento, que costuma reunir uma multidão nas tardes do primeiro sábado de cada mês, recebeu aproximadamente 20 mil pessoas.Clara Nunes, que faleceu em 1983, dá nome à rua onde fica a quadra da escola, em Madureira, e foi um dos mais importantes símbolos da Portela cantando a escola em verso e prosa, divulgando a agremiação por todos os lugares do mundo. Amigos e personalidades da escola próximos à cantora foram agraciados com a medalha Clara Nunes, entre eles, o músico Wilson das Neves, Monarco e Tia Surica.- Hoje fui homenageada porque vesti a Clara Nunes assim que ela chegou na escola. A medalha que ela recebeu foi mais que merecida, porque ela foi uma pessoa, que além de ser portelense, falou muito da Portela. Foi uma tarde muito emocionante e ela nunca será esquecida em nossa mente assim como o dia de hoje - disse Tia Surica.- Clara era uma portelense fiel, por isso ficou no nosso coração, deixou uma saudade muito grande - declarou Monarco, que chamou de ‘gol de placa’ a homenagem feita pela escola.
Foi no Carnaval de 1975 que a cantora fez história como uma das primeiras mulheres a puxar o samba-enredo na Avenida. ‘Macunaíma, heroi da nossa gente’, de autoria de Norival Reis e David Antônio Corrêa, foi interpretado por ela, pelo próprio David Corrêa, por Candeia e pelo puxador oficial da Portela, Silvinho do Pandeiro. - Ela foi uma guerreira do samba. E adorava brincar carnaval, não fazia exigências, sambava no chão, do lado da gente - relembrou Monarco.O projeto teve a parceria do Instituto Mais Memória, do escultor e professor Oseías Casanova Ferreira, com a Fundição de Ademar Alcântara e a Coordenação do Projeto de Nilo Mendes Figueiredo Junior, vice-presidente da Portela.



ADRIANA LESSA E CASANOVA














CARLA ROCHA, SHAROM MENESES E CASANOVA




ENTREVISTA DA REDE RECORD COM CASANOVA





NILO FIGUEIREDO JUNIOR E MARCELO REIS






ENTREVISTA DA RECORD COM O PRESIDENTE DA PORTELA
NILO FIGUEIREDO
PROFESSOR IZAIAS NASCIMENTO.
PRESIDENTE DO INSTITUTO MAIS MEMÓRIA





! MAIS UM PROJETO.!



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CLARA NUNES, MEU SONHO CRISTALINO!

guerreira!

MINHA HOMENAGEM Á CLARIDADE

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ANINHA VIEIRA

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BRASIL, RS, Brazil
MAIS UM ESPAÇO DEDICADO A NOSSA ESTRELA MAIOR CLARA NUNES. CLARA, NÓS TE AMAMOOOOOOOOOOOOOSSS!!!! ANINHA VIEIRA/RS