O radialista Adelzon Alves, produtor de discos
de Clara Nunes, homenageia a cantora em Pedra
de Guaratiba
Quem o vê passeando com os cachorros que adota pelas ruas de Pedra de Guaratiba, onde mora há 15 anos, pode não ligar o nome à pessoa. Mas aquele senhor de 73 anos, que gosta de vestir-se de forma simples e abomina o celular, é o radialista Adelzon Alves, produtor de quatro discos que alçaram Clara Nunes ao posto de uma das maiores cantoras de samba de todos os tempos.
— Naquele momento (1971), quando me convidaram para produzí-la na gravadora Odeon, eu já tinha um projeto para ela — lembra Adelzon, que, no próximo sábado, homenageia a cantora com o grupo MPB de Raiz, na Arena Carioca Abelardo Barbosa, em Pedra de Guaratiba.
E o projeto de Adelzon era desenvolver uma carreira para Clara Nunes com base nas tradições afro-brasileiras do samba, principalmente. Foi o que expôs naquela reunião na Odeon, da qual participaram o diretor-artístico da gravadora, Milton Miranda; a cantora Clara Nunes, a mãe dela; e seu então produtor, Jorge Santos:
— Passei a trazer canções de Dorival Caymmi para ela gravar, de sambistas como João Nogueira, que teve a carreira alçada por ela, e também de compositores do Nordeste.
Além do samba, estética visual afro
Do primeiro disco, a canção, que logo estourou na semana seguinte ao lançamento foi "Ê baiana", de Fabrício da Silva, Baianinho, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio. Essa era outra característica de Adelzon: dar oportunidade a artistas relegados a segundo plano.
— Levei para o estúdio o conjunto "Nosso Samba", do Morro da Providência. Nenhum dos integrantes tinha a carteira da Ordem dos Músicos. O diretor do estúdio chiou, dizendo que se passasse um camburão, levaria todo mundo em cana — diverte-se Adelzon.
Além de Clara Nunes, em seu programa na Rádio Globo, "Amigos da madrugada", ele revelou artistas como Martinho da Vila, com "O pequeno burguês" e Paulinho da Viola, com "Foi um rio que passou em minha vida", grandes sucessos nos anos 1970.
Outro passo foi buscar uma estética visual para Clara Nunes:
— Chamei o estilista Geraldo Sobreira e o cabeleireiro Adevanir para comporem uma estética afro-brasileira para ela.
Mas Adelzon lembra que não foi fácil divulgar o trabalho de Clara Nunes. Para isso, contou com a ajuda de José Itamar de Freitas, diretor do "Fantástico" e Eduardo Sidney, do Programa Flávio Cavalcanti.
— A mídia nunca quis saber de samba. O José Itamar levava puxões de orelha quando divulgava clipes de Clara Nunes.
Para quem quiser conferir a homenagem prestada à cantora, o endereço da Arena Carioca é Rua Soldado Elizeu Hipólito s/nº, Pedra de Guaratiba.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/zona-oeste/o-radialista-adelzon-alves-produtor-de-discos-de-clara-nunes-homenageia-cantora-em-pedra-de-guaratiba-6978020.html#ixzz2FLk14EEL
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