30 de mai. de 2008

Jornal "O Globo" (abril/2008) - Matéria DVD

Clipes celebram a arte de Clara Nunes

DVD traz 21 dos 24 musicais que cantora fez nos anos 1970 e início dos 80 para o `Fantástico´


João Pimentel


"Os 25 anos da morte de Clara Nunes serão lembrados na primeira semana de maio, com a reedição da caixa com sua obra completa pela EMI e o lançamento de um DVD com mais de duas dezenas de clipes feitos para o “Fantástico” nos anos 1970 e início dos 1980. Os clipes, se por um lado têm uma qualidade técnica precária, levando-se em conta que alguns têm mais de três décadas — a cantora, que morreu em 2 de abril de 1983, invariavelmente cantava em play back, sendo muito comuns falhas perceptíveis de sincronização entre som e imagem —, por outro são uma boa e rara oportunidade de se ver Clara em ação, com suas roupas brancas, cantando seu repertório brasileiro de sambas, pontos de macumba e músicas nordestinas.

Clipes remetem a símbolos afro-brasileiros

É curioso pensar que os clipes de Clara em cachoeiras, rios, matas e com o mar ao fundo, com velas, referências a orixás e demais símbolos da religiosidade afro-brasileira, passavam no horário nobre. Principalmente nos dias de hoje, com o crescimento das igrejas evangélicas, numa época em que traficantes mandam fechar terreiros nos morros.

— Começamos a trabalhar no projeto em outubro do ano passado, em parceria com a Globo Marcas. Mas havia algumas dificuldades. A principal delas é que os clipes feitos para o “Fantástico” também haviam sido usados em especiais da emissora. Por uma questão autoral, não poderíamos usar trechos desses programas. Então, tivemos que identificar nos arquivos quais haviam sido feitos especialmente para o “Fantástico” — conta Luiz Garcia, gerente de marketing estratégico da EMI. Eram 24 clipes, sendo que 21 estarão no DVD. Os que ficaram de fora tinham muitos coadjuvantes e, 30 anos depois, é praticamente impossível identificar todos os participantes das filmagens para conseguir a liberação da imagem.

O trabalho de remasterização e tratamento de fotografia foi encomendado para a Conspiração Filmes. — Um detalhe importante de frisar é que o viúvo de Clara, Paulo Cesar Pinheiro, responsável pelos direitos da cantora, pediu que usássemos apenas imagens dela viva, nada que remetesse à morte — lembra Garcia. — Então, imagens de músicas e especiais póstumos foram evitadas. No pacote, Clara canta “Na linha do mar”, em 1979, em cima de uma pedra, com o mar ao fundo; um pot-pourri, de 1976, dela com Paulinho da Viola, com cara de menino, interpretando “Sinal fechado”, “Argumento”, “Pecado capital” e “Contos de areia”; e entoando sua música-símbolo, “Guerreira” (“Canto pelos sete cantos/ Não temo quebranto porque eu sou guerreira...”).
Outro momento marcante é o dueto dela com Adoniran Barbosa em “Abrigo de vagabundo”.
O clipe é de agosto de 1979. O compositor paulistano, vestido com um casaco amarelo, acompanha sussurrando, já visivelmente debilitado, a cantora. Ambos estão sentados numa escada, diante de uma casinha cor-de-rosa. E mais: tem Clara ruiva, morena, com cabelos claros, em Salvador com os Filhos de Gandhi; acompanhada de Sivuca cantando “Asa branca”; em cima de uma pedra, em um rio, com efeito de gelo seco na água, na música “Como é grande e bonita a natureza”.

DVD traz a última entrevista da cantora

Nos poucos depoimentos colhidos, ela fala de Ataulfo Alves como a pessoa que a convenceu a gravar sambas. “Ataulfo foi uma pessoa muito importante para mim. Quando eu comecei, cantava outro estilo de música. Ele chegou perto de mim e disse: ‘Clarinha, cante samba!’. Então fui à Odeon e disse que queria cantar sambas. Não à toa, o primeiro foi ‘Você passa e eu acho graça’” — de Ataulfo. Outra preciosidade que integra o DVD é a última entrevista da cantora, no programa “TV Mulher”, com Marília Gabriela.
Ela lembra um artigo do escritor Antônio Callado, depois de assistir à celebração das cem exibições do show “Clara mestiça”, em 1981. Callado dizia: “O espetáculo vale muitos livros e reflexões sobre o Brasil que ficou longe dos olhos de Isabel”. No fim, Clara explica: “Tenho a grande missão de cantar. Ninguém está aqui de férias”. — Clara era sinônimo de sucesso.
Quando o “Fantástico” apresentava oscilação na audiência, um novo clipe dela entrava no ar — diz Garcia."

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