BOA TARDE AMIGOS, SEGUIDORES, VISITANTES E CURTIDOSRES DESTE ESPAÇO DEDICADO Á CLARIDADE!
Findando o mês de AGOSTO com muitas homenagens ao mês de CLARA NUNES , festival, inauguração do memorial , shows em homenagem, fotos raras e históricas e muito mais .
Abaixo postamos alguns eventos que aconteceram neste mês de CLARIDADE:
Maior cantora de samba do Brasil, Clara Nunes completaria 70 anos neste domingo
Artista morreu em 1983; relembre a sua carreira em vídeos e fotos
Nascida em 12 de agosto de 1942 na pequena Caetanópolis, Clara foi uma das maiores cantoras do país. Morreu em abril de 1983, depois de passar 28 dias em coma na clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. O coma foi resultado de uma reação alérgica à anestesia recebida durante uma simples cirurgia para a retirada de varizes das pernas.
Sua morte provocou uma comoção tão grande quanto à de Elis Regina, um ano antes. Clara, afinal, era uma das cantoras mais populares do Brasil. A partir do início dos anos 1970, fez fama cantando sambas. Discos como "Claridade" (1975), "Canto das Três Raças" (1976), "Guerreira" (1978) e "Brasil Mestiço" (1980) ultrapassaram a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
Mas, para aderir ao samba, Clara teve que lutar. Nos anos 1960, quando começou sua carreira, ela cantava boleros e sambas-canções com arranjos antiquados. O samba foi entrando em seu repertório aos poucos, mais por insistência da cantora que por vontade de produtores e gravadoras. A teimosia deu resultado: em 1971, ela estourou em todo o Brasil com a música "Ê Baiana".
Durante o restante da década de 1970, Clara foi a maior sambista do Brasil - sua única rival era Beth Carvalho. Gravou canções de Cartola ("Alvorada no Morro"), Nelson Cavaquinho ("Juízo Final"), Candeia ("Conto de Areia"), Paulinho da Viola ("Coração Leviano"), João Nogueira ("Guerreira"), Dona Ivone Lara ("Alvorecer") e Chico Buarque ("Morena de Angola"), entre outros.
Em 1975, casou-se com o letrista Paulo César Pinheiro, que passou a fornecer várias músicas para o seu repertório. Entre elas, sucessos como "Portela na Avenida". A Portela, por sinal, era uma das paixões de Clara. Tanto que seu corpo foi velado na quadra da escola, diante de uma multidão de 50 mil pessoas. Clara também foi tema do enredo em dois carnavais, em 1984 e em 2012.
Sua morte deixou uma lacuna na música brasileira: uma artista que se dedicava a gêneros genuinamente brasileiros (além de sambas, gravou forrós, baiões e choros), sempre com grande sucesso popular, mas sem ceder a apelos fáceis. Além disso, era uma intérprete como poucas: vibrante sem ser exagerada, emotiva sem ser piegas, e com um faro raro para descobrir boas músicas.
Quase 30 anos após sua morte, a artista é lembrada em sua cidade natal. No sábado (11), foi inaugurado em Caetanópolis o Memorial Clara Nunes, com mais de seis mil peças preservadas pela família da cantora. A gravadora EMI também vai relançar, no segundo semestre, a caixa Clara, com nove CDs. O box reúne todos os 16 discos de Clara (dois em cada CD), junto com mais um CD de raridades.
Veja abaixo os principais sucessos de Clara Nunes:
Registros inéditos de Clara Nunes, que faria 70 anos, são revelados
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LUCAS NOBILE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO
"Sujou um pouco a cabeça na hora de rebobinar", explica Genival Barros, 72, com cotonete e acetona nas mãos, enquanto limpa seu aparelho de som dos anos 1970.
Clara Nunes ganha memorial, mas box de discos sairá sem novidades
Ali, giram em fitas de rolo registros inéditos de Clara Francisca Gonçalves, a Clara Nunes, que completaria 70 anos hoje, se não tivesse sucumbido a uma cirurgia mal sucedida de varizes, em 1983.
Clara Nunes - 70 anos
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Clara Nunes faz reverência aos orixás em divulgação de seu LP "Brasil Mestiço", de 1980
O tesouro, guardado a sete chaves por Barros em seu escritório em São Bernardo do Campo, na Grande SP, é a gravação em áudio que fez de dois shows da cantora mineira na década de 1970 --um, na África, outro em São Paulo.
"Entre agosto e novembro, o Roberto Carlos dava uma parada, aí eu acompanhava a Clara", lembra Barros, que é técnico de som do Rei desde 1965. "O astral dela era impressionante. Ela crescia muito no palco, parecia que tinha dois metros de altura."
Nunca lançados, esses registros podem chegar às prateleiras pela EMI em um futuro ainda incerto, com a ajuda do jornalista Vagner Fernandes, biógrafo da cantora, que fez a ponte entre o sonoplasta e a gravadora.
"Eu liguei para o Genival há mais ou menos dois anos para consultá-lo sobre um registro de um show da Clara no Maksoud Plaza, em 1982. E ele disse: 'Pô, cara, não tenho, mas tem duas coisas aqui que vão te interessar. Você vai ficar maluco'", conta Fernandes.
"Começamos a conversar desde então. Levei essa história para o pessoal da EMI, e eles se interessaram em lançar os dois áudios em CD."
O técnico de som ainda não digitalizou as gravações. "Tenho medo de levar num estúdio e fazerem cópias."
"Fiquei sabendo do material. Preciso ver se a qualidade é boa mesmo. Não adianta lançar algo que não seja à altura [de Clara]", diz Paulo César Pinheiro, viúvo da cantora e herdeiro universal dos direitos sobre a obra dela.
OUÇA TRECHO DE SHOW INÉDITO DE CLARA NUNES
Cantora interpreta "Pau de Arara", do Gonzagão, no Sabor Bem Brasil, em 1978
RARIDADES
Técnico revela inéditas de Clara Nunes
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Genival Barros apresenta os registros inéditos de Clara Nunes em seu escritório, em São Bernardo do Campo (SP)
Entre as novidades está o registro de um show da "Guerreira" em 1979, em Abidjan, Costa do Marfim.
Na ocasião, Clara viajou à África com Paulo César Pinheiro, João Nogueira e sua banda, para dois shows.
No início da apresentação, músicos locais fazem a ponte entre música africana e brasileira, convidando Clara ao palco para mostrar seu repertório essencialmente fincado no samba naquele momento de sua carreira.
"Há poucos registros ao vivo de Clara na segunda metade da década de 1970", ressalta Vagner sobre a importância do material.
Temas como "Na Linha do Mar", "Coisa da Antiga", "As Forças da Natureza" e um pot-pourri com "Domingo no Parque", "Disparada" e "Ponteio" compõem o repertório.
O outro registro, com ótima qualidade de áudio, foi feito em 21 de outubro de 1978, no Anhembi, em São Paulo. O show fazia parte do projeto "Sabor Bem Brasil", que rodou o país com Clara cantando e atuando como mestre de cerimônias.
No encontro, ela divide o palco com Luiz Gonzaga, João Bosco, Waldir Azevedo e Altamiro Carrilho e Caçulinha.
As performances incluem "Lamento" (com Altamiro), "Brasileirinho" e "Pedacinhos do Céu" (com Waldir), "Guerreira" e "Juízo Final".
"Pau de Arara", "Asa Branca", "Assum Preto" (com Gonzagão), "Incompatibilidade de Gênios", "De Frente pro Crime", "Kid Cavaquinho" e "O Mestre-Sala dos Mares" (com João Bosco) são destaques.
Editoria de Arte/Folhapress
+ CANAIS
Nascida em 12 de agosto de 1942 na pequena Caetanópolis, Clara foi uma das maiores cantoras do país. Morreu em abril de 1983, depois de passar 28 dias em coma na clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. O coma foi resultado de uma reação alérgica à anestesia recebida durante uma simples cirurgia para a retirada de varizes das pernas.
Sua morte provocou uma comoção tão grande quanto à de Elis Regina, um ano antes. Clara, afinal, era uma das cantoras mais populares do Brasil. A partir do início dos anos 1970, fez fama cantando sambas. Discos como "Claridade" (1975), "Canto das Três Raças" (1976), "Guerreira" (1978) e "Brasil Mestiço" (1980) ultrapassaram a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
Mas, para aderir ao samba, Clara teve que lutar. Nos anos 1960, quando começou sua carreira, ela cantava boleros e sambas-canções com arranjos antiquados. O samba foi entrando em seu repertório aos poucos, mais por insistência da cantora que por vontade de produtores e gravadoras. A teimosia deu resultado: em 1971, ela estourou em todo o Brasil com a música "Ê Baiana".
Durante o restante da década de 1970, Clara foi a maior sambista do Brasil - sua única rival era Beth Carvalho. Gravou canções de Cartola ("Alvorada no Morro"), Nelson Cavaquinho ("Juízo Final"), Candeia ("Conto de Areia"), Paulinho da Viola ("Coração Leviano"), João Nogueira ("Guerreira"), Dona Ivone Lara ("Alvorecer") e Chico Buarque ("Morena de Angola"), entre outros.
Em 1975, casou-se com o letrista Paulo César Pinheiro, que passou a fornecer várias músicas para o seu repertório. Entre elas, sucessos como "Portela na Avenida". A Portela, por sinal, era uma das paixões de Clara. Tanto que seu corpo foi velado na quadra da escola, diante de uma multidão de 50 mil pessoas. Clara também foi tema do enredo em dois carnavais, em 1984 e em 2012.
Sua morte deixou uma lacuna na música brasileira: uma artista que se dedicava a gêneros genuinamente brasileiros (além de sambas, gravou forrós, baiões e choros), sempre com grande sucesso popular, mas sem ceder a apelos fáceis. Além disso, era uma intérprete como poucas: vibrante sem ser exagerada, emotiva sem ser piegas, e com um faro raro para descobrir boas músicas.
Quase 30 anos após sua morte, a artista é lembrada em sua cidade natal. No sábado (11), foi inaugurado em Caetanópolis o Memorial Clara Nunes, com mais de seis mil peças preservadas pela família da cantora. A gravadora EMI também vai relançar, no segundo semestre, a caixa Clara, com nove CDs. O box reúne todos os 16 discos de Clara (dois em cada CD), junto com mais um CD de raridades.
Veja abaixo os principais sucessos de Clara Nunes:
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LUCAS NOBILE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO
Clara Nunes - 70 anos
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Clara Nunes faz reverência aos orixás em divulgação de seu LP "Brasil Mestiço", de 1980
OUÇA TRECHO DE SHOW INÉDITO DE CLARA NUNES
Cantora interpreta "Pau de Arara", do Gonzagão, no Sabor Bem Brasil, em 1978
Técnico revela inéditas de Clara Nunes
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Genival Barros apresenta os registros inéditos de Clara Nunes em seu escritório, em São Bernardo do Campo (SP)
+ CANAIS
O GRUPO “TPM” FAZ UMA LINDA HOMENAGEM A CLARA NUNES
TPM
O grupo vocal TPM nasceu há 08 anos, fruto de convivência e trabalhos, na Celinha Braga Oficina de Música, no feliz encontro de Três Poderosas Mulheres – Ambrosina Caldas, Bernadete Orsini e Iara Ferreira – que buscam na música a consciência do corpo, da alma e do prazer. Sempre acompanhadas pela cantora e professora de canto Celinha Braga, ao violão, TPM registra em sua trajetória artística, performances musicais realizadas no Museu de Arte da Pampulha, no Museu Abílio Barreto, no Teatro da Biblioteca Pública em casas noturnas como Paladino e praças de Belo Horizonte, entre outros espaços.
CLARA LUZ Uma delicada homenagem ao público que traz como referencia e inspiração a inesquecível Clara Nunes e seu universo musical.
Interpretado pelo grupo TPM, nascido há 8 anos na Celinha Braga Oficina de Música, no feliz encontro de Três Poderosas Mulheres: Ambrosina Caldas, Bernadete Orsini e Iara Ferreira, que buscam na música a consciência do corpo, da alma e do prazer.
Sempre acompanhadas pela cantora e professora de canto Celinha Braga ao violão, TPM registra em sua trajetória artística performances musicais no museu de arte da Pampulha, museu Abílio Barreto, teatro da Biblioteca pública, casas noturnas como Paladino, espaço cultural Celinha Braga e outros.
O espetáculo contagia e encanta o público num passeio delicioso pelo universo das músicas que foram grandes sucessos na voz de Clara Nunes. Letras e canções de compositores como Candeia ,Paulo César, Mauro Duarte, Ataulfo Alves, Dorival Caymmi, João Nogueira e outros. Celinha cria arranjos vocais que emocionam e dão identidade ao trio.
DE LÁ PRA CÁ - CHAMADA!
Os 70 anos de nascimento de uma estrela da MPB
http://tvbrasil.ebc.com.br/delapraca/episodio/clara-nunes
Os 70 anos de nascimento de uma estrela da MPB
http://tvbrasil.ebc.com.br/delapraca/episodio/clara-nunes
Poucas cantoras marcaram o nome de forma tão funda na história do samba quanto Clara Nunes. E um número ainda menor mereceu tamanha devoção após a morte. Clara Nunes começou a cantar ainda menina, no coral de uma igreja, no interior de Minas. Passou pelas rádios de Belo Horizonte e chegou à fama e à fortuna no Rio de Janeiro, em meados da década de 1960.
Clara foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias de um único disco, derrubando um tabu, segundo o qual, mulheres não vendiam. Isso fez com que as gravadoras buscassem novas cantoras de samba e resgatassem antigas sambistas, que estariam fadadas ao esquecimento se não fosse o sucesso de Clara Nunes. Além de ter sido a maior interprete feminina do samba, também fez muito sucesso cantando músicas com referência às religiões afro-brasileiras. Ao assumir esse lado religioso, ela foi fundamental para derrubar preconceitos.
A cantora morreu aos 39 anos, por causa de uma complicação com um componente do anestésico usado numa cirurgia de varizes. Ao longo da carreira, vendeu cerca de quatro milhões de LPs, colecionou 18 discos de ouro, e participou de inúmeros desfiles de carnaval pela Portela, a escola de seu coração.
Neste programa, Ancelmo Gois e Vera Barroso recebem o jornalista e escritor Vagner Fernandes, autor do livro "Clara Nunes, guerreira da utopia", o radialista e produtor Adelzon Alves, a cantora e amiga Alcione e o compositor e amigo Monarco
Clara foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias de um único disco, derrubando um tabu, segundo o qual, mulheres não vendiam. Isso fez com que as gravadoras buscassem novas cantoras de samba e resgatassem antigas sambistas, que estariam fadadas ao esquecimento se não fosse o sucesso de Clara Nunes. Além de ter sido a maior interprete feminina do samba, também fez muito sucesso cantando músicas com referência às religiões afro-brasileiras. Ao assumir esse lado religioso, ela foi fundamental para derrubar preconceitos.
A cantora morreu aos 39 anos, por causa de uma complicação com um componente do anestésico usado numa cirurgia de varizes. Ao longo da carreira, vendeu cerca de quatro milhões de LPs, colecionou 18 discos de ouro, e participou de inúmeros desfiles de carnaval pela Portela, a escola de seu coração.
Neste programa, Ancelmo Gois e Vera Barroso recebem o jornalista e escritor Vagner Fernandes, autor do livro "Clara Nunes, guerreira da utopia", o radialista e produtor Adelzon Alves, a cantora e amiga Alcione e o compositor e amigo Monarco
BANDA MAMETTO
Mais uma homenagem!!!Show em comemoração dos 15 anos do Teatro Jorge Amado,e do 70 anos de Clara Nunes,com direito a depoimento de Edil Pacheco hahaha....!
http://g1.globo.com/videos/bahia/bahia-meio-dia/t/edicoes/v/banda-mametto-faz-show-em-homenagem-a-sambista-clara-nunes/2094498/
http://g1.globo.com/videos/bahia/bahia-meio-dia/t/edicoes/v/banda-mametto-faz-show-em-homenagem-a-sambista-clara-nunes/2094498/
Amigos de FB,
Amanhã, terça, 21 de agosto, é dia de conferir Rita Benneditto (ex-Ribeiro), interpretando o repertório da Clara lá na Miranda, na Lagoa. Eu e Adelzon Alves discutiremos vida e obra da cantora. Rita dará sequência com números
Amanhã, terça, 21 de agosto, é dia de conferir Rita Benneditto (ex-Ribeiro), interpretando o repertório da Clara lá na Miranda, na Lagoa. Eu e Adelzon Alves discutiremos vida e obra da cantora. Rita dará sequência com números
musicais, encerrando assim a série de três empreitadas que celebram os 70 anos da mineira, iniciada em BH (com Aline Calixto) e que seguiu para Salvador (tendo Ana Mametto nos vocais). Aqui no Rio, estaremos dentro da série "Terças notáveis". Aguardo vocês lá!
Abaixo (e/ou ao lado), uma 'provinha' do que Rita apresentará amanhã:
http://www.youtube.com/watch?v=Pw1IwzTTTfw
Abaixo (e/ou ao lado), uma 'provinha' do que Rita apresentará amanhã:
http://www.youtube.com/watch?v=Pw1IwzTTTfw
HOJE (22/08/2012): HOMENAGEM À CLARA NO PROGRAMA "TODO SEU" (DO RONNIE VON) NA TV GAZETA.
Horário: 22:20h (conforme consta no site)
http://todoseu.tvgazeta.com.br/
Horário: 22:20h (conforme consta no site)
http://todoseu.tvgazeta.com.br/
MEMÓRIA
Há 70 anos nascia Clara Nunes
Cantora mineira saiu de Minas Gerais para conquistar o Páis e o mundo com seu samba. Morreu precocemente, vítima de choque anafilático
Uma mulher repleta de misticismo, crente no divino, de voz forte e presença de palco marcante. Há exatos 70 anos nascia a mineira Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, famosa no Brasil e no exterior como Clara Nunes (1942-1983), uma das maiores sambistas deste País. “Se vocês querem saber quem eu sou / eu sou a tal mineira / filha de Angola, de Ketu e Nagô / não sou de brincadeira”, como cantava na canção Guerreira.
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Entre as brincadeiras sob os pés de amora, enquanto empinava pipa e jogava pião, a pequena Clara ajudava a mãe nas tarefas domésticas. Era a caçula de seis filho de um casal simples que morava em Cedro, Minas Gerais. A menina adorava interpretar e cantar. Na infância, suas referências musicais eram Ângela Maria, Elizete Cardoso e Dalva de Oliveira. Uma paixão conturbada na adolescência, no entanto, mudaria de vez a vida de Clara, orfã de pai e mãe aos seis anos.
Aos 16 anos, a cantora foi chamada à delegacia para prestar depoimento. Seu irmão havia esfaqueado Adilson, o ex-namorado de Clara, que espalhava que havia transado com ela. O crime fez com que Clara saísse da cidade natal, e fosse morar em Belo Horizonte, com um dos irmãos. Embora fosse trágico o motivo da mudança, a nova vida traria surpresas para a jovem. Na capital mineira, Clara trabalhou como tecelã durante o dia, e à noite estudou. No bairro onde morava, participou dos ensaios do Coral Renascença.
Através das amizades que fez, entre elas o produtor Cid Carvalho, Clara começou a fazer sucesso. Em 1960, na final nacional do concurso A Voz de Ouro, realizada em São Paulo, ela obteve o terceiro lugar com a canção Só adeus. A partir daí, começou a cantar na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas. Não demorou muito para que ganhasse o Brasil com o seu sucesso, se mudando para Copacabana, no Rio, em 1965.
SINCRÉTICA
Clara Nunes era católica de formação. Foi espírita – quando os pais morreram, uma de suas irmãs, seguidora dos ensinamentos de Alan Kardec, fazia reuniões entre a família –, mas descobriu na umbanda e no candomblé o Deus (ou os deuses) que lhe guiava e confortava. Os orixás sempre estiveram presentes nas obras de Clara Nunes. Como ela mesma cantou em Guerreira, era “filha de Ogum com Iansã” – embora em Olinda, no terreiro de Pai Edu, fosse se descobrir filha de Oxum e Xangô, sendo batizada a essas divindades nas águas do Rio Capibaribe, em 1972.
Clara marcou o samba do País. E morreu precocemente, aos 40 anos, após uma cirurgia de varizes (desnecessária para muitos; por pura estética), vítima de choque anafilático. Seu enterro comoveu os brasileiros. Mas até hoje Clara está presente nas rodas de samba, nos encontros de amigos, nos pagodes.
Clara Nunes era católica de formação. Foi espírita – quando os pais morreram, uma de suas irmãs, seguidora dos ensinamentos de Alan Kardec, fazia reuniões entre a família –, mas descobriu na umbanda e no candomblé o Deus (ou os deuses) que lhe guiava e confortava. Os orixás sempre estiveram presentes nas obras de Clara Nunes. Como ela mesma cantou em Guerreira, era “filha de Ogum com Iansã” – embora em Olinda, no terreiro de Pai Edu, fosse se descobrir filha de Oxum e Xangô, sendo batizada a essas divindades nas águas do Rio Capibaribe, em 1972.
Clara marcou o samba do País. E morreu precocemente, aos 40 anos, após uma cirurgia de varizes (desnecessária para muitos; por pura estética), vítima de choque anafilático. Seu enterro comoveu os brasileiros. Mas até hoje Clara está presente nas rodas de samba, nos encontros de amigos, nos pagodes.
Acadêmicos do Samba: O segredo de Clara Nunes?
POR BRUNO FILIPPO
Rio - Clara Francisca Gonçalves Nunes é contemporânea da geração que transformou a música brasileira. Naquele ano de 1942 em que ela veio ao mundo na pequena Paraopebas, interior de Minas, nasceram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e, dizem – e ele nega -, Jorge Benjor. Apesar do sucesso popular, Clara Nunes nunca foi medida na mesma vertical de seus colegas de música e de idade.
Aos poucos, depois do véu do esquecimento que lhe cobriu vida e obra nos anos posteriores à sua morte, sua importância para a música e a força de seu canto emerge vêm sendo redescobertas. Há poucos dias, em entrevista a este jornal, Gabi Amarantos, cantora-sensação do momento, disse ser Clara Nunes a maior intérprete do Brasil.
Nesta efeméride, Clara é a única que não está aqui para acompanhar reportagens, relançamentos, shows e diversas homenagens a ela e aos septuagenários.
Clara Nunes é considerada uma das maiores cantoras de todos os tempos no Brasil | Foto: Divulgação
Que força guarda essa mulher humilde que, em somente quarenta anos de vida e quase vinte de carreira, incorporou e traduziu em sons e gestos os signos de nossa nacionalidade, que é capaz de despertar o fascínio de quem nunca a vira no palco.
A presença de Clara Nunes na música popular brasileira encerra a história de uma cantora que, ao morrer precocemente, deixou órfão o Brasil – órfão de quem pudesse cantar seu sincretismo religioso, sua miscigenação, o sofrimento de seus filhos – mas que, a despeito, ainda está por receber o reconhecimento necessário, não do povo brasileiro, que chora sua ausência, mas de parcela significativa da imprensa e do establishment cultural.
Amigos de Clara dizem que ela tinha uma mágoa: não ter recebido ao longo da carreira o mesmo tratamento dedicado às grandes cantoras brasileiras. Quando a morte de Elis Regina completou vinte anos, em 2002, a efeméride teve o destaque merecido – e não poderia ser diferente, pois Elis, que cantou muito samba e foi motivo de carnaval, é uma das glórias nacionais: páginas e páginas de jornais, documentários, entrevistas, programas especiais. Ao passo que espaço dedicado ao vigésimo aniversário de morte de Clara Nunes foi muito tímido.
Outra prova do esquecimento a que foi submetida foi a ausência de publicação, até o ano passado, seja biografia, perfil ou trabalho acadêmico, sobre ela. (Atualização do autor: O livro “Clara Nunes – Guerreira da utopia”, escrito pelo jornalista Vágner Fernandes, veio suprir essa lacuna, sem esgotar totalmente o assunto)
Clara expressou as raízes do Brasil com sua maneira de vestir-se, com sua voz de cristal. Cantou jongo, ciranda, baião, coco, modinha, ponto de umbanda e, sobretudo, samba, em suas mais variadas formas. Num momento de divisão da música brasileira causada pelo Tropicalismo, em que se diagnosticava a morte do samba, Clara – tendo como companheiro de empreitada musical Martinho da Vila - devolveu ao samba a posição que o gosto popular nunca lhe tirara. Seus discos bateram recordes de vendagem; nunca uma cantora vendera tanto quanto Clara Nunes naqueles tormentosos anos 70.
O sucesso de Clara abriu espaço para outros cantores de samba: Beth Carvalho, Alcione, Roberto Ribeiro, João Nogueira – este, aliás, está diretamente ligado à carreira de Clara como compositor. Suas músicas foram gravadas por ela nos primeiros discos – e depois, quando formou a bela parceria com Paulo César Pinheiro, continuou emplacando sucessos na voz da Guerreira e no seu próprio vozeirão à Ciro Monteiro.
A referência à Elis Regina não se esgota nas diferenças das láureas póstumas a que cada uma tem direito, tampouco no que se assemelhavam: o carisma, a capacidade de despertar emoção no público. Contemporâneas, ambas começaram a carreira na mesma época, mas com trajetórias, influências e públicos diferentes. Elis, jazzística, filha degenerada da bossa-nova, representava o Brasil sofisticado e efervescente dos anos 60.
Clara, por sua vez - e não ao contrário, como se poderia inferir -, representava o Brasil profundo, o Brasil das três raças, o Brasil das senzalas, dos mucambos, do progresso e das covas rasas – mas também das casas-grandes, dos sobrados, da ordem e dos jazigos. Era, ao mesmo tempo, pré-58 e pós-68: mostrou que a tríade formadora da música brasileira – samba, bossa-nova e MPB – poderia conviver pacificamente. E quão essas classificações eram reducionistas, por desprezar nossa riqueza regional.
Canto das três raças, faixa-título do disco de 76, é o lamento do povo brasileiro em forma de samba:
Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil.
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou.
A presença de Clara Nunes na música popular brasileira encerra a história de uma cantora que, ao morrer precocemente, deixou órfão o Brasil – órfão de quem pudesse cantar seu sincretismo religioso, sua miscigenação, o sofrimento de seus filhos – mas que, a despeito, ainda está por receber o reconhecimento necessário, não do povo brasileiro, que chora sua ausência, mas de parcela significativa da imprensa e do establishment cultural.
Amigos de Clara dizem que ela tinha uma mágoa: não ter recebido ao longo da carreira o mesmo tratamento dedicado às grandes cantoras brasileiras. Quando a morte de Elis Regina completou vinte anos, em 2002, a efeméride teve o destaque merecido – e não poderia ser diferente, pois Elis, que cantou muito samba e foi motivo de carnaval, é uma das glórias nacionais: páginas e páginas de jornais, documentários, entrevistas, programas especiais. Ao passo que espaço dedicado ao vigésimo aniversário de morte de Clara Nunes foi muito tímido.
Outra prova do esquecimento a que foi submetida foi a ausência de publicação, até o ano passado, seja biografia, perfil ou trabalho acadêmico, sobre ela. (Atualização do autor: O livro “Clara Nunes – Guerreira da utopia”, escrito pelo jornalista Vágner Fernandes, veio suprir essa lacuna, sem esgotar totalmente o assunto)
Clara expressou as raízes do Brasil com sua maneira de vestir-se, com sua voz de cristal. Cantou jongo, ciranda, baião, coco, modinha, ponto de umbanda e, sobretudo, samba, em suas mais variadas formas. Num momento de divisão da música brasileira causada pelo Tropicalismo, em que se diagnosticava a morte do samba, Clara – tendo como companheiro de empreitada musical Martinho da Vila - devolveu ao samba a posição que o gosto popular nunca lhe tirara. Seus discos bateram recordes de vendagem; nunca uma cantora vendera tanto quanto Clara Nunes naqueles tormentosos anos 70.
A referência à Elis Regina não se esgota nas diferenças das láureas póstumas a que cada uma tem direito, tampouco no que se assemelhavam: o carisma, a capacidade de despertar emoção no público. Contemporâneas, ambas começaram a carreira na mesma época, mas com trajetórias, influências e públicos diferentes. Elis, jazzística, filha degenerada da bossa-nova, representava o Brasil sofisticado e efervescente dos anos 60.
Clara, por sua vez - e não ao contrário, como se poderia inferir -, representava o Brasil profundo, o Brasil das três raças, o Brasil das senzalas, dos mucambos, do progresso e das covas rasas – mas também das casas-grandes, dos sobrados, da ordem e dos jazigos. Era, ao mesmo tempo, pré-58 e pós-68: mostrou que a tríade formadora da música brasileira – samba, bossa-nova e MPB – poderia conviver pacificamente. E quão essas classificações eram reducionistas, por desprezar nossa riqueza regional.
Canto das três raças, faixa-título do disco de 76, é o lamento do povo brasileiro em forma de samba:
Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil.
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou.
Negro entoou um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes.
Nada adiantou.
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes.
Nada adiantou.
E de guerra em paz, de paz em guerra,
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar,
Canta de dor.
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar,
Canta de dor.
E ecoa noite e dia: é ensurdecedor.
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador...
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor
Ele despertou o Brasil que está no inconsciente coletivo do nosso povo. O Brasil das três raças. Este é o seu segredo.
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador...
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor
Ele despertou o Brasil que está no inconsciente coletivo do nosso povo. O Brasil das três raças. Este é o seu segredo.
Bruno Filippo é jornalista e sociólogo
Marisa Monte, Seu Jorge, o passista-gari Renato Sorriso, a top Alessandra Ambrósio e Pelé foram as estrelas da parte verde-amarela da cerimônia, que teve desde Heitor Villa-Lobos até Clara Nunes, passando por Wilson Simonal e Gilberto Gil n
os alto-falantes. Uma palhinha do que virá por aí em 2016.
Renato abriu a apresentação sambando sozinho no palco, até ser interrompido por um segurança. Na sequência, o público foi convidado a um breve, mas intenso passeio pela cultura brasileira. Marisa Monte, de iemanjá, desfilou em uma passarela transformada em calçadão de Copacabana. Seu Jorge cantou Simonal, Bnegão foi de "Maracatu Atômico", de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, e um grupo de ritmistas deixou o estádio com ares de Sambódromo. "Canto das Três Raças", sucesso com Clara Nunes, ecoou e ajudou a esquentar a festa brasileira. Na parte final, Pelé surgiu com a camisa da Seleção e deu encerrou o número. Foi breve, mas serviu de aperitivo para o que vem por aí em 2016.
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/9359-cerimonia-de-encerramento-da-olimpiada-de-londres
Renato abriu a apresentação sambando sozinho no palco, até ser interrompido por um segurança. Na sequência, o público foi convidado a um breve, mas intenso passeio pela cultura brasileira. Marisa Monte, de iemanjá, desfilou em uma passarela transformada em calçadão de Copacabana. Seu Jorge cantou Simonal, Bnegão foi de "Maracatu Atômico", de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, e um grupo de ritmistas deixou o estádio com ares de Sambódromo. "Canto das Três Raças", sucesso com Clara Nunes, ecoou e ajudou a esquentar a festa brasileira. Na parte final, Pelé surgiu com a camisa da Seleção e deu encerrou o número. Foi breve, mas serviu de aperitivo para o que vem por aí em 2016.
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Clara Nunes ganha memorial, mas box de discos sairá sem novidades
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LUCAS NOBILE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO
Muitos tributos a Clara Nunes acabaram perdendo o mês de seu aniversário.
Técnico revela inéditas de Clara Nunes
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress |
A caixa deve trazer poucos retoques no áudio e no projeto gráfico original. No repertório, sem novidades: o material já saiu em 1997 e 2004.
"Teve uma mudança de fábrica aqui, e acabou atrasando", justifica Luiz Garcia, gerente de marketing da EMI.
A cidade natal de Clara, Caetanópolis (MG), foi mais pontual. O festival que leva o nome da cantora já começou. Hoje é a vez da Velha Guarda da Portela, escola de samba do coração da "Guerreira".
O tributo mais importante, porém, é a inauguração do Memorial Clara Nunes, que abrigará uma parte dos 6.000 itens de seu acervo pessoal, restaurados por especialistas da Universidade Federal de São João del-Rei.
Outros projetos estão saindo do papel. Vagner Fernandes, autor da biografia "Clara Nunes "" Guerreira da Utopia" (Ediouro, 2007), planeja um documentário, que vai ao ar no Canal Brasil, no mês de outubro.
"Muita gente me procurou, mas sem nada concreto", diz Paulo César Pinheiro. "O projeto mais interessante é um documentário que reúne apresentações da Clara e entrevistas dadas só por ela."
"É algo diferente. Não é alguém falando sobre ela. É uma pessoa que já morreu, mas que está viva ali", completa o compositor.
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